quinta-feira, 26 de abril de 2012

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As pessoas perguntam-me porque levo a minha vida assim. Porque me arrisco a ficar mais uma hora na rua e a levar uma facada. Porque me arrisco a experimentar aquela bebida ou aquela droga. Porque me arrisco a levar a cabeça das pessoas ao limite, até levar um estalo ou com uma bebida na cara. A resposta é simples. Quando tiver que parar de fazer estas coisas, quero fazê-lo com a plena consciência, que já fiz tudo o que queria. Não quero morrer com arrependimentos. Não quero morrer, e naquele segundo antes ir quando pensar na vida que tive, sentir que deveria ter experimentado qualquer outra coisa. Tu, que me criticas, hás-de estar casa e com filhos, da tua primeira namorada, e arrependeres-te de nunca teres saltado desse barco antes.
A morte que eu mais desejo, é aquela em que eu decidirei que quero morrer. Até lá, vivo sem ter medo de chegar perto. Quando não tiver medo de nada, serei plenamente livre.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

sonho

Hoje comecei aquilo que pode ser a realização do meu maior sonho. E o sonho não era meu. Num momento em que a dúvida é a única certa na minha vida, envolvi-me num compromisso profissional, mas a cima de tudo espiritual. Quero mudar-me. Quero que o mundo mude. Preciso de ver a mudança, para apagar o que passou e criar novas memórias, mais ricas, mais fortes. Quero construir-me com este projecto, ao mesmo tempo que o construo-o a ele. Quero acreditar que estou aqui por um motivo. Estou destinada a alguma coisa. Não é, de todo ter o meu nome na história, tem mais a ver com a doação de algo bom a quem por ai anda necessitado disso. Hoje em dia no meu país as pessoas sonham entre o pensamento de pagar a renda, e o de meter comida na mesa. Eu só quero criar o sitio onde elas possam sonhar livremente, sem ser entre pensamentos. Quando der isso nem que seja a uma só pessoa, todo o meu trabalho foi justificado e concretizado. Terá valido a pena.

sábado, 7 de abril de 2012

Doi

Ninguém faz ideia que doí. Mas doí. Estou capaz de cometer uma loucura da qual amanha vou ter uma vergonha tremenda. Hoje vi a verdade sobre o meu conto de fadas. A verdade nua crua. O tempo. Amaste-me e não era tempo. Amei-te e o tempo passou. Amo-te e é como se amasse uma ideia passada. No passado seriamos feitos um para o outro. Se o passado não passase hoje eu era tua e tu meu. Hoje não teria de ler estas palavras escritas por outra pessoa que no presente ocupa o meu lugar destinado ao passado. Um passado que não existe. Um passado que fica nos meus sonhos. O melhor passado. Ignorei. Ignorei. Não consigo. A tua percepção faz-me querer uma resposta sem ter feito uma pergunta. Não sei o teu nome completo e sinto que já te conheço. Sei que os nossos corpos encaixam mesmo sem te tocar. Sei que lês os meus olhos tal como eu leio os teus. Sei que me amas, naquele passado, o meu presente. Sinto-te aqui sem te ter. Sinto-te meu, quando és de outra pessoa. Ama-me a mim. Escolhe-me a mim. "Vamos todos morrer, por favor salva-me."